quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Como foi o Goiaba Rock?

A gente adorou. Segue texto de Vitor Maciel do Goma sobre o evento:

A arte livre dá seu grito no interior goiano

Por Victor Maciel

A exemplo da sexta-feira, a programação de shows do sábado trouxe mais surpresas vindas de Brasília, assim como Brown-Há e Gilbertos Come Bacon, destaques do dia anterior. Cassino Supernova apresentou seu rock claramente influenciado pelos precursores do gênero com competência. Bem a vontade no palco, a banda não aparentava ser tão nova no cenário candango.

Mais nova revelação da cena cuiabana, Vitrolas Polifônicas, começa a chamar atenção no Circuito. Contemplada por dois festivais – Goiaba Rock e Varadouro (AC) - no edital de circulação do Fora do Eixo, a banda foge do óbvio ao misturar samba, blues e rock ‘n’ roll. E conseguem fazer isso com propriedade. Instrumentalidade convidativa a, no mínimo, uma batida de pés, letras sagazes e vocal feminino cativante.

Conjunto Roque Moreira (PI) é um grande achado. Roque – com Q-U-E, enfatizado pelos integrantes durante o show – genuinamente nordestino e brasileiro, sai dos ritmos regionais, pega carona no reggae e chega a riffs pesados do rock sem se perder no caminho.

Nuda (PE), por sua vez, é um dos nomes mais promissores da cena independente nacional. Outra banda contemplada pelo edital de Circulação do Fora do Eixo, ainda passarão pelos festivais Jambolada (MG) e DoSol (RN) neste ano. No Goiaba Rock, novas músicas que não constam no belo EP “Menos Cor, Mais Quem” ocuparam a maior parte do set list.

Encerrou a noite, O Teatro Mágico (SP), principal atração do festival, estreando em festivais do Circuito Fora do Eixo. Sem dúvidas, uma banda que tem muito o que dialogar com a rede. A banda, que conseguiu grande projeção sem abrir mão da independência e da liberdade de acesso aos seus trabalhos, é uma das principais envolvidas com o Música Pra Baixar (MPB), Movimento que propõe uma reconfiguração das bases produtivas da cultura no país e a revisão das leis que regem o direito autoral diante das novas tecnologias.

No palco, O Teatro Mágico mantém o discurso contra a indústria cultural tanto nos intervalos das músicas, quanto na própria estética do projeto que envolve, além da música, o teatro e as artes circenses. Com um show muito conceitual, com críticas declaradas às práticas do jabá e às próprias relações de trabalho dentro do sistema capitalista, a trupe encerrou o festival da melhor maneira possível. Arte independente e novos paradigmas econômicos e sociais defendidos a plenos pulmões em pleno interior goiano. Algo de novo acontece na cadeia produtiva da cultura e esta novidade, dêem crédito ou não, já faz barulho em lugares pouco imagináveis há não muito tempo.

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